7 de jun. de 2013

Tecnologia PoE - Power over Ethernet (Parte-3)

Imagine que em seu projeto de infraestrutura há dispositivos PDs (Powered Devices) que precisam ser instalados em uma localidade onde a distância é maior do que a permitida para um cabeamento UTP. Neste caso, o que se faz para que o PD seja ao mesmo tempo alimentado e gerenciado?  Bom, a solução é ….. o assunto neste post. (rsrs) -  Espero que apreciem…

INTRODUÇÃO

Como já destacado nas partes 1 e 2, as tecnologias Power over Ethernet e Power over HDBaseT permitem alimentar dispositivos PD através da transmissão de energia DC, juntamente com dados, sobre o cabeamento UTP, eliminando o custo de infra para energia elétrica.

Como as tecnologias PoE/PoH são também do tipo  “GREEN IT,  cada vez mais, elas  estão se tornando parte integrante e indispensável em novos projetos de (ou já nas existentes) redes Ethernet para aplicações em ambientes industriais e redes de automação e sistemas de baixa tensão, para Edifícios Inteligentes (Smart Building). Pois, permitem, através de um sistema de gerenciamento centralizado (software), que os todos os dispositivos (Powered Devices), sistemas de iluminação e sistemas industriais sejam ligados e desligados de acordo com um horário programado, sensor, ou evento.  A adoção desta tecnologia ajuda a diminuir o consumo de energia e uso que, não só resultará em custos mais baixos, mas também em benefícios ecológicos. 

Um estudo realizado, pela ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia -  indica que Brasil desperdiça por ano energia suficiente para abastecer o estado do Rio. Deste, destaco os dois trechos que corroboram para a adoção da PoE:

Segundo o presidente da entidade, Jose Starosta, “….os maiores vilões, são processos industriais obsoletos e sistemas de refrigeração, aquecimento e iluminação inadequados, sem sistemas de automa-ção que permitam, por exemplo, o desligamento automático quando não há pessoas presentes no local…. “  “ O problema são os desperdícios que ocorrem nas plantas comerciais, como shoppings e hospitais, além das indústrias… é inaceitável”

Voltando ao assunto e foco deste post, nem sempre os dispositivos PDs, serão instalados em locais respeitando a distância limite imposta por norma ao cabeamento de cobre. Ou seja, muitos deverão ser instalados em locais numa distância muito maior que a de 100 metros (328ft). Neste caso a solução é integrar o cabeamento de cobre com o de fibra óptica, utilizando-se dos Conversores de Mídia PoE.

Juliano, mas como? PoE em fibra? Não tem como!!!! Eu sei, mas calma, continue lendo…

COMO ESTA SOLUÇÃO TRABALHA

Um dos desafios com PoE é de poder alimentar dispositivos PD remotos, em locais fora do limite de distância do cabeamento de cobre, mesmo utilizando os Midspans, pois estes não aumentam a distância da rede de dados, A figura abaixo reflete um ambiente padrão onde a limitação do cabeamento de cobre é seguido a rigor:

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Apesar de existirem soluções como Extensores de LAN (LAN Extenders), Conversores UTP para Coaxial e tecnologias Wireless, a solução que apresenta SEGURANÇA E CONFIABILIDADE, além de outras várias vantagens em um projeto,  que necessite de instalação, e consequentemente, de alimentação em dispositivos PDs em locais que excedem os 100 metros, é a de utilização de Conversores de Mídia PoE, os quais possibilitam a utilização de cabos de fibra óptica. 

Neste momento,  você caro leitor, poderá me perguntar:  Pô Juliano, mas os sinais que trafegam em cabos de fibra óptica são somente os de dados, correto?  Corretíssimo querido(a) leitor(a), não é possível trafegar ou conduzir os sinais de energia DC através de cabo de fibra óptica, somente sinais de dados.   Mas vamos clarear como esta solução trabalha, tomemos como exemplo a figura abaixo:

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Na figura acima, os dispositivos (Powered Devices) precisaram ser  instalados em um  ambiente  onde o limite de 100 metros para o cabeamento UTP foi excedido. Portanto, foi necessária a implementação de um Conversor de Mídia PoE (PSE) e ,consequentemente, o uso do cabeamento de fibra óptica para conectá-los à LAN, permitindo o gerenciamento destes PDs. 

O cabeamento de fibra óptica utilizado, origina-se em um Switch de fibra  (ou podendo ser um Switch com uma Mini-Interface de Conversão Gigabit - Gigabit Interface Converter (Mini-GBIC)) situado, por exemplo, em uma sala de servidores, e termina no Conversor de Mídia PoE, localizado perto de uma fonte de alimentação AC ou DC.

Os dispositivos PD - Câmera IP e Wireless AP -  por sua vez, foram conectados ao Conversor de Mídia PoE, o qual os alimenta com energia DC através do cabeamento UTP utilizado.

OPÇÕES DE DESIGN DE REDE

Na figura abaixo podemos observar que há dois tipos de Conversores de Mídia PoE: um com duas portas RJ-45 e o outro apenas com uma única porta; porém ambos com uma única porta para Fibra Óptica. Estes dois tipos de conversores são muito utilizados em projetos de redes na topologia estrela com um estilo de layout ponto-a-ponto, onde os Links de Fibra Dedicados são distribuídos a partir de um switch de fibra (ou de um Switch com Mini Interface de Conversão Gigabit - Gigabit Interface Converter (Mini-GBIC)).

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Na figura a seguir podemos ver um exemplo de aplicação desta solução em um Campus. Neste exemplo, uma arquitetura de rede FTTD (Fiber-To-The-Desk) foi implementada devido a demanda por largura de banda  para aplicações de videoconferência, segurança, distância, etc., permitindo a redução e a otimização de recursos, como infraestrutura e equipamentos de rede, possibilitando um projeto de rede flexível e escalável.

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A rede origina-se a partir de um switch core de fibra no Data Closet, numa área fisicamente segura, no Edifício 1.  O cabeamento de fibra óptica é distribuído até os seus respectivos pontos (Edificio 2 e Edificio 3), sendo terminados nos Conversores de Mídia PoE. Estes são alimentados por uma fonte AC ou DC, fornecendo a conversão dos sinais ópticos em elétricos para transmitirem, sobre os cabos UTP, os sinais de dados e de energia DC aos dispositivos PDs - Telefones IP, Equipamento de Vídeo Conferência e o Thin Client. 

No figura abaixo, apesar de ser simples, é um exemplo do uso da tecnologia PoE/PoH em um ambiente automatizado. Observem, que no design apresentado, foram utilizados Conversores de Mídia PoE Multi-Portas  contendo duas portas UTP e duas portas para fibra óptica, estas sendo uma UpLink e a outra DownLink. Estas permitem interligar os respectivos Conversores em série, ou seja, um após o outro. O método de interligação (ou interconexão) utilizado neste exemplo é conhecido como Daisy Chained, que nada mais é que uma rede encadeada em topologia linear neste caso.   imageEste tipo de design, não só pode ser usado em automação predial, mas também em uma grande variedade de aplicações, como por exemplo, câmeras IP instaladas ao longo de ferrovias ou linhas de metrô, estradas, cercas perimetrais, oleodutos, etc.. 

Também é possível conectar dispositivos de rede No-PoE diretamente nos Conversores de Mídia PoE com segurança. Ele detectará automaticamente que o dispositivo não é um PD, e portanto só transmitirá os sinais de dados.

Para finalizar, podemos ver que uma das maiores preocupações em novos projetos para automação predial, residencial, etc., é com a economia do consumo de energia. Especificamente na Automação Predial o uso das tecnologias PoE/PoH para redução do consumo energético pode gerar ganhos de pontos para a certificação de Leeds.

Bom pessoal, por hoje é só!

Até o próximo.

Obrigado.

Juliano Ramalho.

REFERÊNCIAS:

- Integrating Power over Ethernet and Fiber Networks - Overcoming the Distance Limitations of Copper Cabling to PoE Devices - Omnitron Systems Technology

- ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia

- Agencia Brasil - Estudo indica que Brasil desperdiça por ano energia suficiente para abastecer o estado do Rio

 

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30 de abr. de 2013

Tecnologia PoE - Power over Ethernet - (Parte-2)

No post de hoje, conheceremos um pouco sobre a tecnologia HDBaseT. Nova e revolucionária, permitiu e permite (através do conjunto de recursos conhecido como convergência 5Play) que até consumidores domésticos possam tê-la em suas respectivas redes domésticas… Espero que apreciem…

INTRODUÇÃO

Como vimos na parte 1, Power over Ethernet (PoE) é uma tecnologia que provê um custo/beneficio muito atrativo, além da comodidade, flexibilidade, recursos avançados de gerenciamento e segurança. Está em constante evolução e, por conseguinte, as inovações para que uma alimentação DC de maior potência seja transmitida, juntamente com os sinais de dados, sobre a infraestrutura de cabeamento, surgem a medida que a indústria disponibiliza novas tecnologias neste segmento.

Quando uma nova tecnologia é disponibilizada, oferecendo alimentação acima de 30W, é de suma importância que o seu desenvolvimento tenha sido baseado nas especificações da norma IEEE802.3at-2009.

Neste contexto encontra-se a tecnologia HDBaseT, criada em 2008 pela empresa Valens Semiconductor. Foi demonstrada na International Consumer Electronics Show (CES) em janeiro de 2009 e no segundo semestre, disponibilizada para o mercado.

Seu reconhecimento, por parte dos principais fabricantes de eletrônicos, foi tal, que em janeiro de 2010, a Valens Semiconductor em conjunto com outras empresas líderes, incluindo LG Electronics, Samsung Electronics e Sony Pictures Entertainment, fundaram a HDBaseT Alliance, com o objetivo da tecnologia HDBaseT ser adotada como um novo padrão global para a distribuição de mídia digital avançada. No mesmo ano, em junho de 2010, a HDBaseT Alliance finalizou a sua primeira especificação da tecnologia HDBaseT 1.0, e em setembro 2011, anunciou um adendo a ela intitulado Power over HDBaseT (PoH). 

HDBaseT com PoH é uma tecnologia revolucionária, permitindo aos fabricantes de equipamentos eletrônicos, como por exemplo, os de TVs, de projetá-las com mais finura e leveza, fornecendo aos consumidores a flexibilidade de as instalar em qualquer parede em seus respectivos estabelecimentos - residenciais e/ou comerciais -  sem a necessidade de uma tomada elétrica estar próxima.

COMO HDBaseT TRABALHA

Primeiramente é preciso saber que a base da tecnologia HDBaseT é a convergência 5Play™, um conjunto de recursos que permite convergir totalmente Vídeo Full-HD não comprimido, Áudio, Ethernet, Energia compatível com IEEE 802.3at (Power over HDBaseT) e Sinais de Controle em um único cabo Ethernet CAT5e / 6 de até 100m/328ft, como ilustrado abaixo.

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Vídeo:

HDBaseT permite transmitir vídeo Full HD/3D e 2K/4K com resoluções que atingem mais de 4.000 pixels sem compressão, em uma rede de dispositivos, ou em uma conexão point-to-point. A transmissão é repassada a partir do chipset HDMI , suportando, assim, todas as principais características do padrão HDMI 1.4, incluindo EPG, CEC, EDID, HDCP, etc..

Áudio:

Tal como em vídeo, o áudio é repassado ​​diretamente de um chipset HDMI, suportando, assim, todos os formatos do padrão, como o Dolby Digital, DTS, Dolby TrueHD, DTS-HD Master Audio, etc..

Ethernet:

HDBaseT, permite que televisores, equipamentos Wi-Fi, PC’s, dentre outros dispositivos eletrônicos de consumo se comuniquem uns com os outros e acessem o conteúdo multimídia armazenado, incluindo streaming de vídeo, fotos e música utilizando da infraestrutura Ethernet.

Uma grande característica do HDBaseT, conhecida como  EFM ou Ethernet Fallback Mode, torna o dispositivo HDBaseT inteligente o bastante para perceber e somente habilitar os recursos que estão disponíveis na conexão Ethernet em questão.

Controles:

HDBaseT fornece diferentes tipos de sinais de controle para diferentes propósitos, a partir de Consumer Electronic Controls (CEC), até o RS232/USB e IR que utilize o equipamento remoto, mesmo quando localizado em uma sala diferente.

Power over HDBaseT:

Totalmente em conformidade com a norma IEEE 802.3at-2009, HDBaseT tem a capacidade de transmitir alimentação sobre todos os quatro pares do cabo Ethernet, possibilitando os PDs - Powered Devices - terem duas interfaces de potência, uma sobre os fios condutores 1-2 e 3-6, e a outra sobre os fios 4-5 e 7-8, para receberem o dobro de alimentação, em relação a abordagem de dois pares. Veja a figura abaixo:

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A tecnologia de núcleo PoE foi aprimorada para HDBaseT usar 1 ampères de corrente para cada dois pares, permitindo a transmissão de até 100W de potência de corrente contínua, em cada porta. Um outro passo além do padrão IEEE802.3at-2009 foi dado ao permitir que PDs possam identificar o comprimento do cabo e resistência, e extrair mais energia quando necessário (enquanto o consumo total de energia não ultrapassar 100 W).

A TECNOLOGIA

Abaixo vemos uma arquitetura básica onde os equipamentos contêm os primeiros chipsets Valens VS100™ compatíveis com HDBaseT: 

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VS100TX (Transmitter)  :  Para equipamentos de fonte HD.

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 VS100RX (Receiver): Para para demais dispositivos, além dos PDs.

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Para finalizar, muitos (assim como eu, Juliano Ramalho 8-) ) se perguntaram: Como foi possível essa convergência em um só cabo Ethernet, sendo que o cabeamento UTP (Unshielded Twisted Pair / Par trançado sem Blindagem) é muito suscetível à mesma interferência eletromagnética (EMI -Electromagnetic Interference) que “atormenta” qualquer transmissão de sinais de alta frequência?

A resposta é esta: Para atenuar a EMI (Interferência Eletromagnética), a HDBaseT utiliza uma versão patenteada da modulação PAM, baseada na mesma tecnologia - 5 Level PAM (PAM-5) - utilizada para codificar os sinais de Ethernet sobre cabeamento de par trançado, para transmitir sinais modulados de baixa frequência através de um cabo.

Infelizmente, ainda não há equipamentos disponíveis no Brasil com está tecnologia para os consumidores residenciais. Teremos que esperar a tendência chegar na força total para desfrutarmos da revolucionária HDBasT.

Bom pessoal é isso, até+ e obrigado.

Juliano Ramalho

 REFERÊNCIAS:

- HDBaseT 1.0 Specification

- Valens VS100

- Compliance with POE safety standards is critical when moving beyond 60W - Daniel Feldman

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24 de abr. de 2013

Tecnologia PoE - Power Over Ethernet (Parte-1)

Olá pessoal. Neste novo post o tema será sobre a tecnologia Power over Ethernet, veremos um pouco sobre sua história, normatização, arquitetura, etc.. Espero que apreciem…

INTRODUÇÃO

Possivelmente, na história, a ideia de Power over Ethernet tenha seu marco em 1877, quando a Bell Telephone Company tinha que decidir se o telefone em cada residência, seria alimentado localmente por uma bateria (fonte de energia local), ou se deveria  alimentar cada telefone (dispositvo) remotamente através de fios condutores.

Viajando à década de 1990, finalmente a tecnologia Power over Ethernet - também conhecida como PoE - foi inventada/desenvolvida pela empresa POWERDSINE, entre 1997 e 1998. Adquirida pela MICROSEMI em 2007, a empresa tornou-se a marca POWERDSINE dos sistemas PoE.  

Esta tecnologia permite que os dispositivos baseados em IP, tais como os  telefones IP, pontos de acesso à LAN sem fio, câmeras de segurança de rede, dentre outros, recebam simultaneamente a alimentação (energia elétrica) e os dados, sobre a mesma infraestrutura Ethernet existente, eliminando a necessidade dos altos custos com uma infraestrutura separada para os cabos de energia, tomadas AC elétricas, etc..

Com a grande aceitação da tecnologia pela indústria, o  IEEE, em 1999, começou o projeto de normatização do PoE. Porém somente após quatro anos, em junho de 2003, Power Over Ethernet tornou-se padrão internacional com a aprovação (ratificação) da norma IEEE 802.3af-2003 (PoE), intitulada Data Terminal Equipment (DTE) Power via Media Dependent Interface (MDI). Nesta, foi determinado que somente dois dos quatro pares trançados de fios do cabo Ethernet CAT-5e sejam utilizados para o fornecimento ( ou transmissão) da alimentação de até 15,4W por porta aos dispositivos a serem alimentados.

No entanto, dispositivos mais avançados foram sendo desenvolvidos, requerendo assim, uma alimentação maior do que a especificada na norma supracitada. Para suprir esta necessidade, o IEEE, em 2005,  deu inicio ao desenvolvimento de uma nova norma, a fim de melhorar as diretrizes da tecnologia PoE, objetivando aumentar a sua capacidade de alimentação. Em outubro de 2009, foi ratificada a norma IEEE 802.3at-2009  (PoE+), intitulada Data Terminal Equipment (DTE) Power via Media Dependent Interface (MDI) Enhancements, definindo o fornecimento de até 30W por porta.

Porém existe uma clara tendência e necessidade do mercado em novas tecnologias que permite a transferência de high-power (alta potência) simultaneamente com os sinais de dados, utilizando-se dos quatro pares do cabo Ethernet a uma distância de até 100 metros. Neste contexto podemos citar as seguintes tecnologias (proprietárias) desenvolvidas, as quais são extensões da norma IEEE 802.3at-2009:

- UPOE - Universal Power Over Ethernet:  Tecnologia desenvolvida pela Cisco; utiliza-se dos quatro pares para transmitir até 60W.

- PoH - Power over HDBaseT: Tecnologia desenvolvida pela HDBaseT Alliance; utiliza-se dos quatro pares para transmitir até 100W.

- LTPoE++ - Linear Technology  PoE++ : Tecnologia desenvolvida pela Linear Technology que fornece quatro diferentes níveis de alimentação (38.7W, 52.7W, 70W e 90W).

 ARQUITETURA

Um simples sistema Power Over Ethernet (PoE e/ou PoE+) consiste de um único PSE, segmento de link, e um único PD, tendo sua arquitetura projetada em uma topologia estrela. Mas o que significa e representa  PSE, segmento de link e PD?

1- PSE - Power Sourcing Equipment (Equipamento de Fornecimento de Energia):

Como o próprio nome o descreve, é o equipamento que fornece a alimentação aos dispositivos alimentados (PD) possuindo três tarefas principais:

  • Detectar  e determinar o nível de energia do mesmo PD;
  • Fornecer alimentação de acordo com o nível de energia detectado;
  • Monitorar e finalizar o fornecimento de energia.

Um dispositivo PSE pode ser:

  • Endspan / Endpoint PSE: 

São os Switches Ethernet que além de possuir todas as funcionalidades de comutação (L2) e roteamento (L3) de dados, integra a tecnologia PoE  provendo alimentação em todas as portas. Endspans são muito utilizados em Greenfield Installations (ou instalações novas) e, como podemos observar na ilustração abaixo, este tipo de PSE é instalado numa das extremidades do cabeamento Ethernet.

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  • Midspan PSE (ou PoE injector).

Estes equipamentos são, geralmente, instalados no rack entre o Switch Ethernet (no-PoE) e o dispositivo alimentado (PD), conforme ilustração abaixo. São muito utilizados em ambientes já em produção onde não há necessidade de um Endspan.  As vantagens em utilizar o Midspan são muitas; algumas delas são: a economia de custos referente a aquisição e instalação de um Endspan e a preservação da infraestrutura existente.

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A norma IEEE 802.3at-2009 define estes PSEs em dois tipos, são eles: 

  • Tipo-1 (IEEE 802.3af-2003):  PSE que fornece uma alimentação de no máximo 15.4W sobre dois pares de condutores.
  • Tipo-2 (IEEE 802.3at-2009):  PSE que fornece uma alimentação de no máximo 30W sobre dois pares de condutores.

2- PD - Powered Device ou Powered End Station

São os dispositivos que recebem a alimentação transmitida pelo Endspan ou Midspan PSE, através do cabeamento Ethernet. Alguns exemplos de dispositivos (PD) são IP Phones, WLan APs, Network Cameras, etc..

A norma também define dois tipos de PDs:

  • Tipo-1 (IEEE 802.3af-2003): PD que recebe alimentação de no máximo 12,95W sobre dois pares de condutores.
  • Tipo-2 (IEEE 802.3at-2009): PD que recebe alimentação de no máximo 25,5W sobre dois pares de condutores.

3 -  Link segment 

É a infraestrutura de cabeamento que prove a conectividade de dados e a alimentação simultaneamente. As normas IEEE 802.3.af/at definem que seja utilizado cabo da Classe-D (a.k.a Cat5e ou maior), como especificado na norma ISO/IEC 11801:1995.

NORMA ANSI/EIA/TIA 568

Antes de comentar sobre as Alternativas de transmissão PoE, acredito ser oportuno descrever de forma sucinta, os dois sistemas de codificação de cores para os pares condutores no cabeamento UTP, definidos pelas normas ANSI/EIA/TIA T568A e T568B, bem como a ordem de cada par no conector RJ-45 - também conhecido como 8P8C ou CM8V - definido pela norma ANSI/TIA-968-A.

Podemos observar nas figuras abaixo, cada sistema de codificação de cores e número dos pares condutores (fios) definido pelas respectivas normas T568A e T568B.

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Seja qual for a escolha no projeto, o sistema de codificação (T568A ou T568B) deve estar definido de forma bem clara e ser metodicamente respeitado em cada extremidade do segmento do link e, de uma forma geral, em toda a infraestrutura de cabeamento.

ALTERNATIVAS DE TRANSMISSÃO DA ALIMENTAÇÃO

Para integrar a alimentação e os dados sobre o cabeamento, duas técnicas foram definidas pela norma IEEE 802.3at; são elas:

imageAlternativa A:

Conhecida como “phanton power”, esta alternativa é o método mais simples para fornecer alimentação aos PDs, pois utiliza-se dos dois pares de condutores que transmitem os dados. Conforme os diagramas abaixo, nos padrões Ethernet 10Base-T e 100Base-TX,  os condutores utilizados por um Endspan e Midspan respectivamente, são os pinos 1-2 e pinos 3-6:

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Os diagramas que vemos abaixo, representam um Endspan e um Midspan respectivamente, no padrão Ethernet 1000Base-T.  São utilizados os mesmos pares de condutores para transmissão da alimentação,

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Mas como foi possível utilizar esta técnica “Phanton Power” sem haver uma interferência?

A resposta está na frequência utilizada por ambos, ou seja, a Alimentação (energia DC) que é transmitida contêm uma frequência menor ou igual a 60Hz, enquanto que os Dados transmitidos têm frequências que podem variar 10 a 100 milhões Hz.

Alternativa B:

Nesta alternativa, a alimentação é transmitida pelos dois pares de condutores conhecidos como “spare pairs“, os quais não são utilizados nos padrões Ethernet 10Base-T e 100Base-TX.   Conforme os diagramas abaixo, de um Endspan e Midspan respectivamente, os condutores utilizados são pinos 4- 5 (+) e pinos 7-8 (-) .

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Abaixo estão os diagramas de um Endspan e de um Midspan respectivamente, e podemos novamente conferir que, no padrão Ethernet 1000Base-T, são utilizados somente os condutores 4-5 (+) e 7-8 (-) para transmissão da alimentação.

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Qualquer um dos dois dispositivos PSE (Endspan ou Midspan) poderá fornecer alimentação utilizando somente uma das duas Alternativas (A ou B) no mesmo segmento de link, mas não utilizar-se de ambas Alternativas - A e B - ao mesmo tempo no mesmo segmento de link. Os dispositivos PDs são projetados para aceitarem Power over Ethernet em qualquer forma de alternativa, seja ela A ou B, nas normas Ethernet 10Base-T, 100Base-TX ou 1000Base-T.Abaixo um quadro resumido:

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PROCESSO DE ALIMENTAÇÃO  PoE

A especificação IEEE802.3at fornece uma rotina "handshaking" entre o PSE e o PD, antes deste começar a ser alimentado por aquele. Isto assegura que o PSE só aplique a energia DC em cada par de condutores quando um dispositivo conectado tenha sido detectado como compatível.  Esta rotina "handshaking" é composta pelas seguintes funções:

Detecção:  

Para detectar um dispositivo PD, o PSE aplica duas pequenas tensões DC  (V¹ e V² de 2.8V até 10V) no cabo Ethernet extraindo o valor de impedância (Signature Resistance) para determinar se o dispositivo é um PD válido (todo dispositivo PD tem que conter um resistor de assinatura (signature resistor) de 19kOhm~26.5kOhm).  

Classificação:

O PSE tentará classificar o dispositivo PD “interrogando-o” com uma outra tensão DC no segmento do link. Ao receber esta tensão DC, o dispositivo PD envia uma resposta ao PSE com o valor de DC que corresponde à sua classificação. Ao receber a resposta do PD, o PSE identifica e fornece a alimentação requerida.

Transmissão de alimentação:

Uma vez que alimentação está sendo entregue, o PSE monitora continuamente o consumo de DC pelo dispositivo PD.

Desconexão segura:

A norma IEEE802.3at  especifica que quando um PSE parar de receber a assinatura de alimentação do PD, o PSE deve interromper a alimentação, evitando danos.

Na ilustração abaixo podemos ter uma melhor compreensão de como é o processo num todo,  além da tabela de classificação com todos os níveis.

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ALGUNS BENEFICIOS QUE PoE PROPORCIONA 

Entre os benefícios da PoE, destacam-se:

- O Baixo Custo: 

   Power over Ethernet elimina a necessidade de uma infraestrutura de cabeamento para alimentação de cada PD.  Não é necessário serviços de um eletricista licenciado para infra de energia AC.

- A Flexibilidade: 

   PDs podem ser localizados independentemente das fontes de energia AC, em locais onde o acesso à energia AC é praticamente impossível ou não exista.

- Confiabilidade:

   Ao ser implementada com UPS (Uninterruptible Power Supplies), Power over Ethernet  permite que os PDs funcionem mesmo quando há queda de energia.

- Gestão:

   Dispositivos PoE podem ser gerenciados via SNMP (Simple Network Management Protocol).

 

Bom pessoal, finalizo aqui esta primeira parte sobre PoE.

Bons estudos  e obrigado.

Juliano Ramalho.

REFERÊNCIAS

- Understanding 802.3at - MICROSEMI

- From A to A+ IEEE 802.3at PoE+ White paper - kORENIX

- IEEE Std 802.3at-2009 - Data Terminal Equipment (DTE) Power via Media Dependent Interface (MDI) Enhancements

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12 de abr. de 2013

Oracle Database – Entendendo sua Arquitetura (Parte 2)

Olá pessoal, hoje abordaremos as estruturas de armazenamento no ambiente Oracle. Espero q apreciem…

INTRODUÇÂO

Em um Servidor Oracle, o banco de dados em sí é composto por vários arquivos no disco e consiste em estruturas de armazenamento físicas e lógicas.

Os arquivos que compõe o banco de dados são categorizados em dois grupos: Arquivos de Banco de Dados por armazenarem Dados e Metadados e os  Arquivos Não Banco de Dados por armazenarem Parâmetros de Inicialização, informações de Logs, etc..

imageO modelo relacional das estruturas de armazenamento utilizado pelo Oracle Database é mostrado na figura. Esta é um diagrama de entidade-relacionamento que utiliza-se da notação Engenharia de Informações para demonstrar o relacionamento “um–para–muitos” entre as entidades, nas respectivas estruturas.  

Com esta divisão (ou separação) do armazenamento  no servidor, o armazenamento físico dos dados pode ser gerenciado sem afetar o acesso às estruturas lógicas.

A Estrutura Lógica é formada pelas entidades Tablespace, Segment, Extent e Oracle data block, enquanto que a Estrutura Física  pelas entidades Data Files e OS Block (blocos do Sistema Operacional).

ESTRUTURAS FÍSICAS DE ARMAZENAMENTO

Na estrutura física, o banco de dados é composto de por vários tipos arquivos; três são obrigatórios:  Arquivo de Dado, Arquivo de  controle e Arquivo de redo log. Os arquivos externos que normalmente estarão presentes são: Arquivo de Parâmetros, Arquivo de Senhas  e Arquivo de Redo Log Arquivado.
 
Arquivo de Dados – Data File: 

Os arquivos de dados são os maiores arquivos em um banco de dados Oracle. Eles armazenam todos os dados inseridos no banco de dados, bem como os de dados necessário para que o SGDBR Oracle possa gerenciá-lo.  Tais arquivos de dados, existem mesmo se o banco de dados está em uso ou não, ou seja, aberto ou fechado.  Conforme vimos na primeira figura deste post – Storage Structures – cada arquivo de dados está contido em uma única tablespace, porém uma única tablespace pode conter maiimages de um arquivo de dados.

Em versões anteriores ao Oracle database 10g, pelo menos um arquivo de dados deveria ser criado. A partir desta versão, quando um banco de dados é criado, pelo menos dois arquivos de dados são criados: um para o tablespace SYSTEM (armazena o dicionário de dados) e um outro para o tablespace SYSAUX (armazena os dados que auxiliam o dicionário de dados).  

A figura, mostra, através da consulta da VIEW V$DATAFILE, os dois arquivos de dados criados em uma instalação 11g: SYSTEM01 E SYSAUX01.

Arquivo de  controle – Control File:

O arquivo de controle é de extrema importância por manter os metadados  do banco de dados. Ele é validado na inicialização do banco contenimagedo informações, tais como:  Nome do banco de dados e o seu identificador (SID), Timestamp de criação do BD, Nomes das tablespaces. 

Nomes e as localizações dos arquivos de dados e de redo log online, Informações sobre checkpoints, de recuperação, de backup, dentre outras. Por ele ser muito crítico para a operação do banco de dados, a recomendação é de manter cópias multiplexadas (cópias em diferentes discos) do mesmo.

Os arquivo de controle é um arquivo binário com extensão “CTL”. A figura mostra uma consulta da VIEW V$CONTROLFILE, listando o nome e o status de todos os arquivos de controle  associados à instância.

Arquivos de redo log – Redo Log Files: 

Os arquivos de redo log armazenam todas as alterações realizadas nos banimagecos de dados como resultado das transações e das atividades internas do Oracle.  

Com isto, os arquivos de redo log contêm todas as informações necessárias para recuperar dados perdidos em seu banco de dados. 

Cada instrução SQL que você emitir a alteração de dados pode ser reconstruído pela informação guardada nesses arquivos.

Os arquivos de redo log são arquivos binários nomeados com a extensão “LOG” e são organizados em grupos e membros. Cada banco de dados deve ter pelo menos dois grupos de redo log. Também, para o arquivo de redo log, a recomendação é de manter cópias multiplexadas do mesmo.

Arquivos de Parâmetros – Parameter Files:

São  arquivos que contêm valores de parâmentros de inicialização, utilizados para definirem  recursos do banco de dados, os limites quanto aos tamanhos das várias estruturas na System Global Area (SGA) e também quanto à quantidade de usuários que podem se conectar ao banco de dados simultaneamente.

Arquivo de Senhas - Password File:

Arquivo dentro da estrutura adminstrativa ou de diretório do software Oracle, que armazena informações de autenticação de usuários que possuem permissão para inicializar ou efetuar shutdown no banco de dados.

 Arquivos de Redo Log Arquivados - Archived Redo Log Files:

Estes arquivos são cópias off-line dos arquivos de redo log. Em processo (s) de recuperação de falhas são extremante necessários.


ESTRUTURAS LÓGICAS DE ARMAZENAMENTO

Um banco de dados Oracle é composto por unidade lógicas, tornando possível e eficiente a administração do armazenamento físico dos dados.  Abaixo, uma breve descrição dos compoentes de forma resumida:

Tablespace -  Espaço de Tabela:

No Oracle, todos os dados no banco de dados são armazenados, de forma lógica, em Tablespace (ou espaço de tabela), que consiste de um ou mais arquivos de dados (estruturas físicas). Na tablespace, contêm os segmentos que são as estruturas lógicas do banco de dados, como tabelas e índices. Esta divisão lógica ajuda a administrar uma parte do banco de dados sem afetar as outras. Cada banco de dados pode ter uma ou mais tablespaces.

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Segment – Segmento:

Agrupamento de extensões no banco de dados abran-gendo  um objeto, tratado pelo Oracle, como uma unidade, por exemplo, uma tabela ou índice. 

Esta, normalmente, é a menor unidade de armazenamento com a qual um usuário final do banco de dados lidará.  

Há quatro tipos de segmentos encontrados em um banco de dados Oracle: segmentos de dados, segmentos de índices, segmentos temporários e segmentos de rollback.

Extents – Extensões: 

É o próximo nível da estrutura lógica; são formados por um agrupamento de blocos contíguos.

Oracle data blocks - bloco de dados do Oracle:

Menor estrutura de armazenamento, porém o seu tamanho é normalmente um múltiplo do tamanho de um bloco do sistema operacional; isto ajuda no desempenho da I/O.  

O bloco corresponde a um número específico de bytes, baseado no parâmetro DB_BLOCK_SIZE determinado quando o banco de dados é criado.


Finalizo aqui e espero que este humilde resumo tenha sido proveitoso e útil a todos. Comentários são sempre bem vindos.

[]’s e obrigado.

Juliano Ramalho.


Referências:

- Oracle Essentials - Oracle Database 11g – 4ª Ed. Rick Greenwald,  
- Oracle Database 11g The Complete Reference – Kevin Loney     
- Oracle Database 11g DBA Handbook - Bob Bryla and Kevin Loney   
- Introduction to Oracle Database - Oracle® Database Concepts 11g Release 2 (11.2)

6 de abr. de 2013

Oracle Database – Entendendo sua Arquitetura (Parte 1)

Olá pessoal!  O tema a ser abordado. neste e no próximo post, será sobre a arquitetura Oracle – foco para certificação OCA.  Iniciarei um breve overview sobre alguns conceitos básicos em sistemas de banco de dados. Espero que apreciem…

INTRODUÇÃO

Há muito, os bancos de dados e seus repectivos sistemas gerenciadores são essenciais em nosso cotidiano. A tecnologia empregada neste nicho têm um impacto importante no crescente uso dos sistemas computacionais. Portanto, deve-se ter em mente a diferença entre os termos “Banco de Dados ou DataBase” e “SGBD – Sistema Gerenciador de Banco de Dados ou DBMS – DataBase Management System”.

Banco de Dados ou Database é uma coleção de informações relacionadas representando algum aspecto do nosso mundo real, às vezes chamado de minimundo ou universo de discurso (UoD – Universe of Discourse) [Navathe].

Sistema Gerenciador de Banco de Dados é um sistema de software de uso geral que facilita o processo de definição, construção, manipulação e compartilhamento de bancos de dados entre os diversos usuários e  aplicações, além da proteção dos dados [Navathe].  A figura abaixo ilustra os conceitos abordados e ao lado um breve descritivo dos mesmos.
 
imageDefinição: Envolve a especificação dos tipos, das estruturas e restrições dos dados a serem armazendos; Toda esta definição ou informação descritiva do banco de dados será também armazenada pelo SGBD na forma de um catálogo ou dicionário de dados, chamado de metadados.

Construção: Processo de armazenamento dos dados em algum meio controlado pelo SGBD.
Maninpulação: São funções como consulta para recuperação de dados especificos, atualização do BD afim de refletir as mudanças no minimundo e a geração de relatórios com base nos dados.

Compartilhamento: Recurso pelo qual permite que os ususários e aplicações acessem-no simultaneamente.

Aplicações: Estas podem ser classificadas em três categorias: orientadas à transações; de suporte à decisão; e para a Internet. São programa de software que interagem com um banco de dados para acessar e manipular dados. O acesso ao BD dar-se-á ao enviar uma consulta (query) ou solicitação de dados ao SGBD.

Proteção:  Engloba-se a proteção do sistema contra defeitos e falhas de hardware e software e proteção de segurança contra acesso não autorizado e malicioso.

Basicamente, um SGDB é constituido pelos seguintes elementos:

- kernel code (código do Kernel): Código que gerencia a memória e armazenamento para o SGBD.

- Repositório de metadados (Repository of metadata): Repositório usualmente conhecido como Dicionário de Dados (Data Dictionary), é um conjunto somente–leitura de tabelas que fornecem informações sobre o banco de dados.

- Linguagem de consulta (Query language): Linguagem que permite que os usuários e aplicações acessem os dados.

Os principais modelos de  SGBDs - sistemas de gerenciamento de banco de dados foram definidos nas décadas de 1960  e 1970, vejamos:

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- Modelo Hierárquico: Principal modelo de dados, simbolizado pelo IMS da IBM  em 1965, organizava os dados em uma estrutura de árvore formando uma hierarquia de registros; semelhante à estrutura de um file system num relacionamento do tipo um – para – muitos; veja a figura ao lado.

Era muito restritivo e qualquer mudança na sua estrutura de dados exigia muito esforço de reprogramação. Além disso, o acesso dos programas e/ou aplicações ao banco de dados era feito via interfaces de baixo nivel de programação, usando-se a linguagem Assembler.
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- Modelo Rede: Proposto por Carles Bachman (General Eletric) em 1964, é  semelhante ao modelo hierárquico, exceto pelo fato de ter registros de dados associados formando conjuntos de dados nas interseções num relacionamento do tipo muitos - para – muitos, conforme observamos na figura  ao lado.

- Modelo Relacional: O pesquisador da IBM Edgar Frank Codd publicou em 1970 um paper intitulado "Relational Model of Data for Large Shared Data Banks" ("Modelo de dados relacional para grandes bancos de dados compartilhados"), definindo este modelo derivado da Teoria dos Conjuntos Matemáticos.  O modelo relacional de Codd armazena os dados por linhas e colunas, em tabelas.

Uma tabela (relação) é uma representação bidimensional de linhas (tuplas) e as colunas (atributos). Cada linha em uma tabela tem o mesmo conjunto de colunas. Neste modelo, as tabelas (relações) são acessadas via uma linguagem de alto nivel chamada SQL (Structure Query Language), criando um maior nível de abstração, de modo que os usuários não precisavam mais conhecer a estrutura fisica dos dados; apenas dizer o que queriam e não mais o como. Veja o exemplo abaixo:

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O Oracle Database, em todas as suas versões, é uma implmementação de um SGBDR - Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Relacional – o qual está de acordo com o paradigma relacional. Ele é a interface entre os usuários/aplicações com a base de dados (ou banco de dados).  A figura abaixo mostra, de forma resumida, os players em uma solução de gerenciamento de banco de dados Oracle Database 11g em uma organização.
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ARQUITETURA ORACLE


A arquitetrua é subdividida em duas estruturas: a física, que abrange os arquivos físicos armazenados no disco;  a lógica, que abrange memória, armazenamento lógico e estruturas lógicas do banco de dados.  
Em um servidor Oracle Database, os dois componentes que o compõe são: a Instância e o Banco de dados. Em outras arquiteturas concorrentes, como o Microsoft SQL Server e o IBM DB2, estes termos são utilizados sem qualquer distinção por seus respectivos usuários. Isto se dá porque nelas, uma coleção de bancos de dados que compartilham recursos de memória comuns são referenciados como instância.

INSTÂNCIA x BANCO DE DADOS 

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Na terminlogia Oracle, o termo “Instância” refere-se as estruturas de memórias e aos processos (ou processos background - background processes). Ela é  criada temporariamente na memória RAM e na(s) CPU(s) para permitir o acesso ao banco de dados. O “time to live” de uma instância se dá enquanto sua  permanência na memória, podendo ser inicializada ou parada.  Já, o termo “Banco de Dados” refere-se aos arquivos físicos que o  compôe.
Há dois tipos de arquiteturas de instância Oracle: a de instnância única e a distribuida.

- Arquitetura de instância única: encontrada em um ambiente simples onde a relação é um-para-um, ou seja,  um banco de dados é acessado por uma só instância. A figura ao lado ilustra esta arquitetura;

- Arquitetura distribuida (RAC - Real Application Cluster): Fornece a opção  para dimensionar aplicações além da capacidade de um único serviimagedor, provendo um ambiente de computação para o Banco de dados Oracle executar todos os tipos de aplicações corporativas de base em um conjunto de servidores em cluster (grupo de sistemas de computadores independentes, conhecidos como nós,  trabalhando juntos como um único sistema). 
Neste ambiente, a relação é de muitos-para-um, pois um  banco de dados em cluster é um único banco de dados que pode ser acessado por diversas instâncias, onde cada instância é executada em um servidor (nó do cluster) distinto. 
A figura ao lado mostra esta arquitetura.
Esta solução de arquitetrua distribuida será abordada, em profundidade,  em um post oportuno. 
Voltando à arquitetura de instância única, vemos na figura abaixo a representação simplificada de uma concexão entre um usuário e um banco de dados no servidor de Banco de Dados Oracle.  Neste processo há interagibilidade entre os seguintes componentes:  usuário, processo do usuário, processo do servidor, instância e banco de dados.

Do lado do Cliente (Front-end):

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1- No host local o usuário interage com um processo de usuário conectando-se a um processo servidor no server;
2- Quando a conexão entre o processo do usuário com o processo do servidor é estabelecida, em geral, através  de uma LAN, o protocolo Oracle Net é utilizado sobre o TCP. Neste momento, os processos tanto do usuário quanto do servidor se interagem.

Do lado do Servidor:

3- O processo de servidor interage com uma instância.
4- A instância interage com o banco de dados.
Por segurança, nenhum processo do usuário interagirá diretamente com o banco de dados, sendo sempre mediado pelo processso do servidor. 

ESTRUTURAS DE MEMÓRIA 


O Oracle utiliza a memória física do servidor, criando estruturas lógicas, para armazenar diversas informações tais como:

- Códigos executáveis;

- Informações sobre cada sessão;

- Informações de processos individuais associados ao banco de dados;

- Informações compartilhadas entre os processos;

- Os dados em cache.

As estruturas de memória, criadas em um ambiente Oracle, contém as seguintes áreas:

SGA – System Global Area – Sistema de Área Global):  Grupo de estruturas de memória read/write compartilhada por todos os Processos Backgrounds e Processos Servidores; contêm dados e informações de controle para uma instância de banco de dados Oracle. Cada instância tem a sua própria SGA.

PGA -  Program Global Area – Área de Programa Global: Região da memória  não-compartilhada, que contém dados e informações de controle exclusivamente para uso por um processo. O PGA é criado pela banco de dados Oracle, quando um processo é iniciado. PGA existe para cada processo servidor e processo background.

UGA – User Global Area - Área do Usuário Global: A UGA é a memória associada a uma sessão do usuário.

Software Code Area - Área de Código de Software: é uma área utilizada ​​para o armazenamento do código executável que está ou será executado. O código do Banco de Dados Oracle é armazenado em uma área de software que normalmente é em um local exclusivo e/ou protegido.

A figura a seguir, nos mostra a estrutura da SGA e seus componentes:

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A memória na SGA, também chamada de Shared Global Area, é alocada em unidades de grânulos (unidade de alocação de memória virtual contígua). A configuração mínima da SGA são três grânulos: um grânulo para a SGA fixa [inclui os buffers de redo]; um grânulo para o Cache de Buffer do Banco de Dados e um grânulo para o Shared Pool.


Dependendo do tamanho total da SGA, um grânulo pode ter 4 ou 16 MB. Se o tamanho da SGA for menor ou igual a 128 MB, um grânulo terá 4 MB; caso contrário terá 16 MB.

Vamos a um breve overview sobre os componentes mais importantes:

a) Shared Pool – Pool Compartilhado

Área de compartilhamento que armazena vários tipos de dados, como códigos PL/SQL analizados (parsed), parêmetros do sistema, e definições de dados.

- Library Cache – Cache de Biblioteca:
Armazena as informações sobre intruções SQL e PL/SQL mais executadas recentemente no banco de dados, permitindo o compartilhamento destas instruções. Consiste em duas estruturas:

-- Shared SQL Area: 

Armazena e compartilha o plano deexecução e a árvore de parse das instruções SQL executadas no banco de dados. Assim, na segunda vez em que uma instrução SQL idêntica é executada, ela aproveita as informações de parse (análise) disponíveis na SQL compartilhado,agilizando a sua execução.


-- Shared PL/SQL Area:  

Armazena e compartilha as instruções PL/SQL executadas mais recentemente. Funções, pacotes e triggers compilados, e nos quais foi efetuado parse, são armazenados nessa área.


- Data Dictionary cache - Cache de Dicionário de Dados: 

É um conjunto das definições mais usadas recentemente no banco de dados • Inclui informações sobre arquivos do banco de dados, tabelas, índices, colunas, usuários, privilégios e outros objetos do banco de dados. Quando o servidor necessita dessas informações, as tabelas do dicionário de dados são lidas e os dados retornados são armazenados nesta área.


b) Database Buffer Cache – Cache de Buffer do Banco de Dados:

Este componente da SGA, também conhecido como Buffer Cache (ou Cache de Buffer), é a área da memória que armazena cópias dos blocos de dados lidos/acessados a partir dos arquivos de dados.
Os ojetivos pelos quais o  Oracle Database utiliza-se do Buffer Cache são os de otimizar a I/O, manter os blocos de dados freqüentemente acessados ​​no cache de buffer, e gravar os blocos menos acessados no disco.

Um buffer é uma área da memória, na qual o gerenciador de buffer, temporariamente, armazena os blocos de dados lidos recentemente ou que estão sendo no momento.

Como pode-se observar na figura acima, o Buffer Cache é dividido em um ou mais Buffer Pools:

- Defualt: 

Este  é o local onde os blocos são normalmente armazenados em cache, tem o tamanho padrão que é de 8 KB.


- Keep: 

O objetivo  é manter objetos na memória, evitando assim as operações de I/O. Portanto, destina-se a blocos que foram e são acessados com frequência,


- Recycle: 

Destina-se aos blocos que são utlizados com pouca frequência. Este pool impedi que os objetos consumam espaço desnecessário no cache.


- nK: 

 Este tipo de pool, destina-se ao armazenamento de tablespace que usa o tamanho de bloco não-padrão de 2KB, 4KB e 16KB. O tamanho padrão que é de 8 KB.


c) Redo Log Buffer Cache:

Área que aramazena as informacões sobre alterações no banco de dados, utilizada para reconstruir alteracões realizadas no banco de dados por DML, DDL ou operacões internas.

d) Large Pool:

Área opcional, utilizada para as transações que interagem com mais de um banco de dados, buffers de mensagens para processos executando consultas paralelas, além de operacões de backup e recovery.

e) Java Pool:

Área opcional, utilizada pela Orace JVM para todos os cógidos e dados Java em uma sessão de usuário.

f) Stream Pool:

Área opcional, utilizada para guardar dados e estruturas de controle para oferecer suporte para os recursos do Oracle Streams.

As informações sobre a SGA e seus componentes, podem ser obtidas por meio de uma consulta a V$SGAINFO, conforme vemos abaixo:

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PGA – (Program Global Area ou Process Global Area)


Região da memória que contém os dados e as informações de controle de um único processo do servidor ou de um único processo de segundo plano. A PGA é alocada quando um processo  é criado e desalocada quando o processo é encerrado. Ao contrário da SGA, que é compartilhada por vários processos, a PGA é uma área usada por apenas um processo.

O PGA é subdividido em diferentes áreas, porém o seu conteúdo varia de acordo com a configuração de execução da instância (servidor dedicado ou servidor compartilhado). Em geral, a memória PGA inclui estes componentes:
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Private SQL Area – Área SQL Privada: Contém dados, tais como as informações de bind e as estruturas de memória de runtime. Cada sessão que executa uma instrução SQL tem uma área SQL privada. Cada usuário que submete a mesma instrução SQL tem uma área SQL privada própria que usa uma única área SQL compartilhada. Dessa forma, é possível associar várias áreas SQL privadas à mesma área SQL compartilhada. A área SQL privada de um cursor (nome ou identificador para uma área específica da SQL privada) divide-se em duas áreas:

-- Persistent Area – Área Persistente: 

Esta área contém valores de varáveis de ligação. Um valor de variável de ligação é fornecida para uma instrução SQL em tempo de execução quando a instrução é executada. A área persistente é libertada apenas quando o cursor está fechado.


-- Runtime Area - Área de runtime: 

Criada como a primeira etapa de uma solicitação de execução. Para os comandos INSERT, UPDATE e DELETE, essa área é liberada após a execução da instrução. Para consultas, essa área só é liberada depois que é efetuada uma operação de fetch (busca de dados) em todas as linhas ou depois que a consulta é cancelada.


SQL Work Areas: 

É  uma alocação privada da memória PGA utlizada para operações com utilização intensiva da memória  como: Classificação, Junção de hash, Intercalação de bitmap, Criação de bitmap.


Session Memory:

Consiste na memória alocada para reter as variáveis de uma sessão e outras informações relativas a essa sessão.


PROCESSOS BACKGROUND 


Quando uma instância do Oracle é inicializada, vários processos em segundo plano também iniciam. Um processo em segundo plano é um bloco de código executável projetado para executar uma tarefa específica. Ao contrário do processo em primeiro plano, como uma sessão SQL*Plus ou um navegador da Web, um processo em segundo plano funciona nos bastidores.

Cada instância executa pelo menos quatro processos em background (DBWR, LGWR, SMON e PMON), podendo haver um número de processos em background adicionais.  A Figura abaixo mostra o relacionamento entre os processos em segundo plano, o banco de dados e a SGA do Oracle.  image Veremos uma breve descição de cada processo.

RECO (Recuperador): 

Utilizado com a configuração de banco de dados distribuído para resolver automaticamente falhas que envolvem transações distribuídas.


PMON (Monitor de Processos):

Executa a recuperação de processo quando um processo do usuário falha. Limpa o cache de buffer do banco de dados e libera recursos utilizados pelo processo do usuário.


SMON (Monitor do Sistema): 

Executa recuperação de travamentos, quando necessário, na inicialização da instância. Limpa os segmentos temporários que não são mais utilizados e aglutina as extensões livres contíguas nas tablespaces gerenciadas pelo dicionário.


CKPT (Ponto de verificação): 

Atualiza cabeçalhos do banco de dados para registrar os detalhes de um ponto de verificação. Não grava blocos no disco.


ARCn: 

Copia arquivos de log refazer online para armazenamento de arquivos quando os arquivos estão cheios ou ocorre uma troca de logs.


DBWn (Transcritor de Banco de Dados):

Grava buffers modificados (sujos) do cache de buffer do banco de dados em arquivos de dados.


LGWR (Transcritor de Log): 

Grava todas as entradas refazer que foram copiadas para o buffer desde a última vez em que gravou em um disco.


D000 (Dispatcher):

É executado somente quando a configuração do servidor compartilhado é utilizada. Permite que os processos de usuário compartilhem processos de servidor.


LMS (Servidor do Gerenciador de Travas):

Utilizado somente no Real Application Clusters. Fornece travamento entre as instâncias no Oracle9i Real Application Clusters.


Bom pessoal, finalizo esta primeira parte. No próximo post abordarei as estruturas de armazenamento.

[]’s e Obrigado

Juliano Ramalho

Referências: